sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cultura Surda e Comunidade Surda

Me situando um pouco no contexto de pessoas com surdez, realmente me questionei sobre quantas pessoas surdas conheço. Perdida em meus pensamentos, tentando lembrar se conhecia alguém com surdez percebi que nenhuma pessoa surda fazia ou faz parte do meu convívio. Em outro momento me perguntei por que. Será que me afastei de alguém que era surdo (a) ou será que nunca me aproximei? Lembrei que na época em que eu estava na escola, no Ensino Fundamental, tinha uma menina na escola chamada Maira, a qual era surda. Ela não era minha colega. Descobri que ela era surda devido aos comentários dos alunos, afinal, isso era considerado “anormal”. Tenho uma vaga lembrança sobre isso. Não sei como seria se eu tivesse que me comunicar com uma pessoa surda. Certamente eu usaria gestos, escrita, ou até mesmo pronunciaria as palavras vagarosamente, uma vez que sei que muitos surdos fazem leitura labial, enfim. Hoje, ao ler sobre cultura surda e comunidade surda, lembrei de uma criança de uns 2 anos de idade que freqüenta a escolinha da minha mãe. É um menino lindo, não é surdo, mas é filho de um pai surdo. O que me chamou a atenção foi a forma como ele se comunica com os demais coleguinhas. Ele emite sons diferentes, fazendo uso das mãos para se fazer compreender. Compreende a língua falada, mas se expressa com sons, certamente devido ao convívio com o pai. Achei isso muito interessante, ou seja, ele desenvolveu seus próprios mecanismos de comunicação, uma cultura própria baseada em sua forma de se comunicar com o mundo. Soube que ele foi colocado em uma escolinha para conseguir desenvolver a linguagem falada, o que evidenciou a preocupação da família. Segundo (SÁ, 2006), “[...] cultura surda, cultura esta geralmente desconhecida e ignorada, tida como uma cultura patológica, uma sub-cultura ou não-cultura. Estas representações geralmente embasam as perspectivas comuns nas quais os surdos são narrados de forma negativa, como se fossem menos que “normal” [...]”. Se considerarmos interpretações baseadas em uma cultura majoritária, a cultura surda ficaria em desvantagem, lembrando que os surdos são um grupo minoritário que luta para que sua cultura seja incluída como legítima no contexto social. Há uma pretensão em normalizar as culturas minoritárias a partir do uso de códigos da cultura “dominante”. Isso acaba por desprezar a cultura surda que se diferencia da cultura dos ouvintes por meio de valores, estilos e atitudes diferenciadas.
Vivi

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