A história do menino Victor reflete a questão histórica dos surdos, uma vez que o menino tornara-se selvagem porque fora abandonado pela família. Certamente os pais, ao observarem que havia algo de errado com o filho, o abandonaram a sua própria sorte.
Isto reforça o que o texto diz em relação à rejeição dos surdos pela sociedade, relegando a eles o direito a uma vida digna por não serem considerados “normais”. Ao mesmo tempo eram objeto de curiosidade, o que de fato é mostrado no filme, quando em algumas cenas pessoas aproveitam-se do menino, expondo-o aos curiosos em troca de dinheiro. No entanto, esta mesma curiosidade, foi o que levou o doutor Itard a interessar-se pelo caso do menino que fora abandonado e sobrevivera privado do convívio com humanos. Resolveu retirá-lo do colégio de surdos-mudos, pois nesse local sofria maus tratos por se tratar de um menino muito diferente dos demais. Diante disso, devido ao seu comportamento, o professor Pinel sugere que o menino seja idiota e por esse motivo deveria ser tratado em uma instituição para deficientes mentais. Por outro lado o médico Itard acredita que o comportamento atribuído ao menino é resultado do isolamento que sofreu em seus primeiros anos de vida, ou seja, isso fez com que Victor parecesse um doente mental. Dessa forma, propõe à administração que o deixem sob sua guarda para educá-lo. O doutor o leva para casa, contando com o apoio e dedicação de sua governanta na difícil tarefa de socializar o menino. Ela o recebe com muito carinho.
O médico Itard inicia sua investigação ensinando o menino a andar ereto, usar sapatos, vestir-se, enfim. O texto menciona a questão da oralidade, a qual é testada no filme quando o médico tenta ensinar Victor a pronunciar a palavra leite. Com isso, tenta fazer com que o menino ao sentir necessidade de algo, peça oralmente pronunciando o nome daquilo que deseja. Em um primeiro momento as tentativas foram um tanto frustradas, pois o menino continuava a gesticular para conseguir o que queria. Nos dias que seguiram, percebe-se que Itard utiliza o reforço positivo para conseguir ensinar o menino, recompensando-o logo após esse ter acertado o exercício proposto. Com estas atitudes, o médico acaba causando cansaço ao seu aluno, o qual reage de forma irritada. Victor passa a utilizar sua irritação para conseguir que seu professor pare de ensiná-lo quando não aprecia mais as atividades propostas. Itard, ao perceber isso, faz uso de reforço negativo para punir o menino quando esse não correspondia às suas expectativas. Entretanto percebe que ensiná-lo dessa forma não é correto, pois não está o ensinando a agir moralmente, ou seja, gostaria que Victor compreendesse que ele deveria agir corretamente sempre e não somente quando desejava alcançar algum objetivo. O médico compreendeu que podia treinar o menino para ouvir palavras, auxiliando-o a compreender algumas palavras pronunciadas por ele e sua governanta. As atividades seguintes trataram de verificar a capacidade cognitiva do menino, o qual deu muitas provas da sua inteligência, embora não pudesse ouvir. Portanto, surgia um novo passo na educação de surdos, onde essas pessoas poderiam usar a leitura labial, bem como o ato de gesticular para se fazer compreender, como BELL propunha.
Portanto, a história cultural nos diz muito em relação às pessoas surdas. É necessário utilizar a sensibilidade para aliar experiências visuais, identidades multifacetadas, diferenças culturais à língua de sinais como uma manifestação lingüística-cultural autêntica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário